racionalidade e epistemologia

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tragédia na escola: o que fazer?

O lamentável episódio ocorrido em uma Escola Municipal no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira - onde mais de uma dezena de crianças foram mortas por um homicida inescrupuloso - causou comoção e indignação geral. E a partir de uma ótica puramente humanista, não se poderia esperar outra reação coletiva, senão esta. Aliás, é a partir desta visão, desprovida de conhecimentos sobre a própria espécie, que a TV, o rádio e a internet expressam manifestações histéricas. Expressam a indignação diante de barbáries, as quais não caberiam no mundo de pessoas civilizadas: uma suposição. Todavia, quando observamos cuidadosamente a capacidade "humana" de alguns indivíduos para infringir os padrões de convivência social - chegando ao extremo de reduzir o valor da vida de seus iguais a nada - deveríamos ter em mente a natureza humana, as anomalias de alguns indivíduos (distúrbios ou patologias) e o ambiente que construimos enquanto sociedade civilizada. E assim, poderíamos começar a perceber que, lamentavelmente - dentro de parâmetros científicos - tais fatos não surpreeenderiam. Vejamos: O "homem natural" não é "bom" nem "mau", pois não distingüe tais conceitos criados pelo "homem social". Assim, o "homem natural" busca apenas sobreviver e, para tanto, chega a causar danos ao outro: mas com sua ética ancestral "acha" tudo isso natural...é assim que a espécie se mantém e se reproduz. No estágio do "homem social" estabeleceram-se regras de convivência, de educação, de moral e ética mas não criaram um novo homem. E, assim, apesar de ciente da necessidade de seguir normas, o "homem social" ainda carrega dentro de si, latente, o potencial de seus ancestrais para alcançar objetivos nem sempre compatíveis com a nova realidade. E para aumentar as possibilidades de desvios de "conduta social", a modernidade do modo de produção centrado no individualismo, na competição e na necessidade de "ser importante", dá impulso à violação das normas e o retorno do homem sem ética. Por fim, à luz da psicologia e da medicina (no contexto da realidade contemporânea), sabemos que existe indivíduos mentalmente doentes que, pelo potencial de risco que oferecem aos outros e a si mesmo, deveriam estar em tratamento adequado e, no entanto - dado à inviabilidade prática de identificá-los e também de adotar tal medida -, permeiam o coletivo e solapam a vida social, com maior ou menor gravidade, não raras vezes. E isto é fato. No restrito espaço do Rio de Janeiro, dentro de uma escola fundamental, foi a primeira vez... mas em outros lugares, tragédias parecidas, perpetradas por assassinos acima de qualquer suspeita, já ocorreram inúmeras vezes e não vale a pena revolvê-las aqui. Mas o que fazer então? Como vimos, o potencial de risco com fatos lamentáveis dessa ordem existe onde existir o homem e a adoção de medidas para a minimizá-lo não prescinde de uma melhor compreensão do modo de produção, da saúde psíquica e da educação onde os indivíduos estão inseridos. As esferas que decidem têm o dever de corroborar.