racionalidade e epistemologia

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Professora Amanda Gurgel: parem de associar a baixa qualidade da educação com o professor

"Presumo que a educação brasileira vai muito bem, obrigado. E para desmistificar a voz recorrente de que ela vai mal, é bom lembrar que a educação básica formal não foi elaborada originalmente para atender as especificidades do mercado. Distorceram o sentido e agora culpam a escola pela falta de mão-de-obra em alguns setores. As empresas querem que a sociedade pague pela qualificação de seus profissionais: defendem seus próprios interesses. Creio que a educação básica deve apenas instrumentalizar o indivíduo com os conhecimentos gerais necessários à cidadania e a absorção de conhecimentos específicos, salvo as escolas técnicas, dirigidas para o trabalho". (Sérgio Corrêa) "Apesar do "charlatanismo" estimulado pelo Estado a fim de aviltar salários, cada vez mais exige-se do educador profissional alta qualificação" (Sérgio Corrêa) A Professora Amanda Gurgel merece as melhores saudações pelo curto, mas, pertinente discurso sobre educação. E não fora o pouco espaço de tempo destinado à sua fala, acreditamos que teria ido além em suas colocações. O fato é que ao descrever sinteticamente a situação educacional em seu Estado, Rio Grande do Norte, a competente educadora apontou objetivamente para algumas questões as quais, por si só, inviabilizam totalmente a qualidade do ensino no Brasil. Primeiro: acertou ao afirmar categoricamente que a educação nunca foi prioridade neste país, embora o discurso corrente nos meios políticos seja sempre o contrário. E o fez apontando para as autoridades presentes no encontro; segundo: justificou essa afirmação mostrando a dura realidade dos professores, que, além de receberem salários insignificantes, são compelidos a jornadas de trabalho extenuantes para sobreviver; terceiro, denunciou a recorrente falta de ferramentas exigidas para uma educação de qualidade; quarto: o pior de tudo, lembrou energicamente que não têm os profissionais da área, merecido o devido respeito profissional por parte da sociedade em geral, na medida em que são responsabilizados pela baixa qualidade do ensino. De fato, há muito tempo, nós professores, ouvimos dos políticos, dos empresários, da mídia e parte da sociedade, o "clamor" por uma educação de qualidade. Estamos até entediados e às vezes até enjoados de ler e ouvir que as escolas são ruins e os professores mal qualificados. Sem dúvida a maioria das escolas públicas são precárias e muitos professores não merecem o título, tal qual em outras profissões. O problema é que generaliza-se! Concomitantemente desconsidera-se que a educação é um processo do qual fazem parte o governo, a escola, a sociedade, a família: e todos deveriam de fato assumir sua cota de responsabilidade. A culpa é sempre da escola, dos professores, nunca do Estado, da sociedade, da família! Temos em mente que a sociedade brasileira recebe a educação de acordo com os reais interesses nela depositados, os quais determinam os investimentos, senão melhor pela dedicação e força de vontade de muitos profisionais com força extrema para vencer obstáculos. E, caso a sociedade desejasse de fato algo melhor, certamente investiria mais, já que cobra além do possível e, para piorar, de quem não deve. Ao invés de "esculhambar" a escola e os professores deveria dirigir-se ao Governo, ao Ministério da Educação e ao Congresso Nacional e propor mais verbas. Aliás, as quantias investidas pelos governos, nas três esferas (Federal, Estadual e Municipal) são mesmo definidas pela sociedade através de seus representantes, bastaria reavaliar os números se isso fosse o desejo. A discussão sobre desvios e/ou má gestão não cabe aqui. Evidentemente, todo profissional tem em mente realizar o melhor de si, executar um bom trabalho e assim obter o merecido reconhecimento: não apenas com palavras, para insuflar o seu ego, mas, sobretudo, com a recompensa pecuniária compatível. Mesmo reconhecendo a necessidade de talento, há muito tempo o magistério deixou de ser um sacerdócio, um ofício para as vocações, para os espíritos humanistas. No mundo real todos precisam de educação e meios para sustentar-se. Todos buscam educação para ascenderem social e econonomicamente, no entanto, tem-se a impressão de que a tarefa de instruir e educar para a cidadania deve ser desvinculada de remuneração condizente. Talvez isso ocorra devido à pulverização dos resultados na sociedade, embora isso não devesse impedir o reconhecimento por parte dos críticos de plantão. Parem de associar a baixa qualidade da educação aos professores! Disse Amanda Gurgel. Evidentemente ela se referiu à dicotomia que há entre as reais possibilidades de um educador executar um bom trabalho e as reais condições que lhes são impostas. Realmente é impossível fazer mais.

ISRAEL NÃO DESEJA A PAZ: Será Obama oportunista?

Antes mesmo de Barack Obama mencionar em discurso que o Estado da Palestina deveria ser criado com base nas fronteiras anteriores à "guerra dos seis dias", as autoridades israelenses já criticavam a fala. O fato é que, de um lado, essa pretensa nova postura dos EUA não condiz com a maneira como eles têm lidado com a questão ao longo do tempo e, de outro, é notório que os israelenses não têm nenhum interesse em facilitar a criação de um Estado Palestino, haja vista sua imensa supremacia econômico-militar na região. Mudar de posição por quê? À luz da racionalidade utilitarista, a permanência do conflito entre judeus e muçulmanos é mesmo altamente interessante para judeus e norte-americanos, sob vários aspectos. A realidade factual "justifica" e autoriza (a pretexto)Israel produzir armamento e utilizar "para se defender" na prática; justifica também o apoio dos EUA, que assim podem sustentar a velha "parceria" belicista na defesa de seus interesses comerciais na região. Trata-se pois, de uma troca "justa". Levando-se em consideração o período pré-eleitoral nos EUA e os movimentos de rebeldia popular no norte da África e no oriente médio, onde os interesses comerciais e políticos do ocidente são enormes, devemos observar com cautela o discurso de Obama e a sinceridade de suas palavras. Enfim, se o bom-senso e o respeito aos postulados e decisões das Nações continuarem sendo distorcidos para acomodar interesses ocasionais; se o ocidente sucumbir frente ao endurecimento israelense, que não pretende devolver os territórios árabes-palestinos, não restará dúvida sobre essa nova "panacéia" diplomática; não restará dúvida sobre a hipocrisia ocidental imperante. Será Obama oportunista?