racionalidade e epistemologia

quarta-feira, 8 de junho de 2011

PRESIDENTA, o vocábulo está correto

Tenho lido é ouvido algumas críticas quanto ao uso do vocábulo "Presidenta", especialmente para identificar a Sra. Dilma Roussef. A maioria delas, sugere que essa forma não é gramaticalmente adequada e, portanto, deveria ser evitada. Tenho em mente que as bases teórico-gramaticais comumente utilizadas para tais observações não são as mais corretas, senão vejamos: Alguns fazem a analogia do vocábulo em questão com outros, cuja desinência sufixal "nte" é semelhante, tais quais, estudante, vigilante, viajante, pedinte, escrevente, dominante, etc. Realmente, não se utilizam as formas "estudanta", vigilanta, "viajanta", "pedinta", "escreventa", "dominanta", mas isto é uma questão de hábito e não serve como explicação definitiva para rechaçar o termo "presidenta", pois, só para exemplificar, os mesmos críticos aceitam os termos "governanta" e "parenta"! Como explicam isso? A resposta é simples e já antecipamos: costumes, hábitos. E note-se que a sociedade ainda tem resquícios muito fortes do chamado "machismo" na linguagem. E essa é uma das razões para não termos soldadas, sargentas, tenentas, capitãs etc. Ainda bem que temos senadoras, deputadas, prefeitas e vereadoras, juízas, e até hóspedas, etc. Outros, esquecendo ou utilizando radicalmente (mal) a Gramática Histórica, aplicam sem as necessárias restrições a Gramática Normativa e, o pior, imaginam que o verbo "presidir" é a raiz do vocábulo "presidente/a". Pasmem! Inclusive eméritos professores de língua portuguesa! E a partir desta suposta "verdade" fazem sua analogia com outros verbos! Um engano. Ocorre que em latim temos a locução "prae sidere" que significa "sentar à frente". Esta era a expressão usada no Império Romano para indicar aquele que tinha o comando nas reuniões sociais, políticas e, especialmente no Senado, quando nem havia República, tampouco presidência. E a locução traduzida se espalhou pelo mundo ganhando força quando surgiram as "repúblicas". Firmou-se mesmo na República dos Estados Unidos da América e seu "president" ao final do século XVIII. Mas não precisa ser "expert" em lingüística para saber que os substantivos são as palavras que dão nome às coisas e seres: foram as primeiras palavras proferidas pelos humanos na caverna...as crianças começam a falar identificando seres e coisas...só depois vêm os adjetivos, verbos e suas flexões... E para não nos estendermos no assunto, lembramos que alguns bons dicionários trazem palavras não tão usuais como, presidenta, hóspeda e sargenta, entre outras. Também lembramos que por outro lado, algumas poetisas, ao contrário de Dilma Roussef, preferem ser chamadas de "poetas". Questão de preferência.